Uso de Ayahuasca e efeitos relatados nos sintomas de Depressão e Ansiedade: um estudo transversal internacional de 11.912 consumidores
1 de abril de 2021, Journal of Affective Disorders Reports
Autores: Jerome Sarris, Daniel Perkins, Lachlan Cribb, Violeta Schubert, Emerita Opaleye, José Carlos Bouso, Milan Scheidegger, Helena Aicher, Hana Simonova, Miroslav Horák, Nicole Leite Galvão-Coelho, David Castle, Luís Fernando Tófoli
A Ayahuasca é uma bebida psicoativa amazónica que tem apresentado resultados emergentes que indicam possuir propriedades antidepressivas e ansiolíticas.
Métodos: Este artigo usa dados do Projeto Global Ayahuasca (GAP), que foi realizado entre 2017-2020 e envolveu um total de 11.912 pessoas, com o intuito de examinar os efeitos percebidos do consumo de Ayahuasca nos sintomas afetivos. O estudo concentrou-se na subamostra que relatou diagnósticos de depressão ou ansiedade no momento do consumo de Ayahuasca.
Resultados: Dos participantes que relataram depressão (n = 1.571) ou ansiedade (n = 1.125) no momento de consumir Ayahuasca, 78% relataram que a sua depressão melhorou 'muito' (46%) ou 'completamente resolvida' (32%) ; enquanto 70% daqueles com ansiedade relataram que os seus sintomas melhoraram “muito” (54%) ou “completamente resolvidos” (16%). Uma série de fatores foi associada a uma maior melhoria dos sintomas afetivos relatados, incluindo experiência mística subjetiva, número de sessões de Ayahuasca e número de insights psicológicos pessoais experienciados. 2,7% e 4,5% dos bebedores com depressão ou ansiedade, respetivamente, relataram agravamento dos sintomas.
Limitações: Este estudo é reconhecido como uma análise transversal que não pode avaliar a eficácia do tratamento. O viés de seleção pode existir devido aos que participaram no inquérito da investigação com experiência favorável serem potencialmente tendenciosos quanto à sua participação.
Conclusões: Utilizadores de Ayahuasca em ambientes naturalistas percecionaram benefícios notáveis nos seus sintomas afetivos. Não há evidências óbvias de efeitos negativos à saúde mental associados ao consumo a longo prazo. Evidências adicionais de ensaios clínicos randomizados são necessárias para estabelecer a eficácia da Ayahuasca em perturbações afetivas e para compreender o agravamento dos sintomas relatados por uma pequena percentagem de utilizadores.
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