Ayahuasca, um antidepressivo de ação potencialmente rápida: um foco na sua segurança e tolerabilidade
18 de março de 2022, Expert Opinion on Drug Safety
Autores: Giordano Novak Rossi, Isabella Caroline da Silva Dias, Glen Baker, José Carlos Bouso Saiz, Serdar M. Dursun, Jaime E. C. Hallak & Rafael G. dos Santos
A Ayahuasca é uma bebida psicadélica originalmente usada por tribos indígenas da Floresta Amazónica e em rituais religiosos. Estudos pré-clínicos e observacionais demonstraram o seu possível potencial como antidepressivo, e ensaios clínicos abertos e controlados por placebo corroboraram estes resultados. Para que se torne um tratamento aprovado para a depressão, a sua segurança e tolerabilidade precisam de ser avaliadas e documentadas.
Os autores reunem dados sobre a ocorrência de eventos adversos (EAs) em todos os estudos randomizados e controlados por placebo com populações saudáveis e clínicas envolvendo a administração de Ayahuasca (n = 108 administrações). São categorizados sistematicamente esses resultados, registando a sua prevalência e discutidos os possíveis mecanismos relacionados com a sua ocorrência.
Não houve relatos de EAs graves, indicando uma relativa segurança da administração da Ayahuasca em ambientes controlados. Os EAs mais comuns relacionados com a sua administração incluíram náuseas, vómitos, cefaleias e aumentos transitórios na frequência cardíaca e tensão arterial. A investigação clínica da Ayahuasca ainda está nas primeiras fases de desenvolvimento, especialmente no que diz respeito à ausência de grandes e robustos ensaios clínicos para verificar os seus efeitos antidepressivos. Padronização de doses, proibição legal da posse dos seus alcalóides e de que forma as comunidades tradicionais serão compensadas caso a Ayahuasca se torne um medicamento aprovado são os maiores obstáculos a serem superados para o seu uso futuro em contextos terapêuticos.
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