Efeitos cerebrais do DMT avaliados via EEG-fMRI

Os psicadélicos atraíram o interesse médico, mas os seus efeitos sobre a função do cérebro humano não são completamente compreendidos. Num projeto de investigação abrangente, controlado por placebo, os autores adquiriram dados de neuroimagem multimodal [isto é, EEG-fMRI (ressonância eletroencefalográfica funcional)] para avaliar os efeitos da N, N-dimetiltriptamina (DMT) intravenosa (IV) no cérebro em 20 voluntários saudáveis. Um EEG-fMRI simultâneo foi adquirido antes, durante e após uma administração IV em bolus de 20 mg de DMT e, separadamente, placebo. Em dosagens consistentes com o presente estudo, o DMT, um agonista do recetor de serotonina 2A (5-HT2AR), induz um estado de consciência profundamente imersivo e radicalmente alterado. O DMT é, portanto, uma ferramenta de investigação útil para sondar os correlatos neuronais da experiência consciente. Neste estudo, os resultados da fMRI revelaram aumentos robustos na conectividade funcional global (GFC), desintegração e desagregação da rede e uma compressão do principal gradiente cortical sob DMT. GFC × mapas de intensidade subjetiva correlacionados independententemente com mapas de 5-HT2AR derivados de tomografia por emissão de positrões (PET), e ambos se sobrepõem com dados meta-analíticos que implicam funções psicológicas específicas do ser humano. Foram observadas alterações nas principais propriedades neurofisiológicas medidas por EEG correlacionadas com alterações específicas em várias métricas de fMRI, enriquecendo a compreensão da base neuronal dos efeitos do DMT. Os presentes resultados confirmam dados anteriores relativamente à ação predominante do DMT - e provavelmente de outros psicadélicos agonistas 5-HT2AR - no pólo de associação transmodal do cérebro, ou seja, o córtex neurodesenvolvimental e evolutivamente recente que está associado a avanços psicológicos específicos da espécie, e alta expressão de recetores 5-HT2A.