Ensaio Clínico de Psilocibina versus Escitalopram para Depressão
15 de abril de 2021, New England Journal of Medicine
Autores: Robin Carhart-Harris, Bruna Giribaldi, Rosalind Watts, Michelle Baker-Jones, Ashleigh Murphy-Beiner, Roberta Murphy, Jonny Martell, Allan Blemings, David Erritzoe, David J Nutt
A psilocibina parece apresentar propriedades antidepressivas, porém faltam comparações diretas entre a psilocibina e os tratamentos convencionais estabelecidos para a depressão.
Métodos: Num estudo de fase 2, duplo-cego, randomizado e controlado envolvendo pacientes com perturbação depressiva major de longa duração moderada a grave, comparamos psilocibina com escitalopram, um inibidor seletivo da recaptação de serotonina, durante um período de 6 semanas. Os pacientes foram aleatorizados numa proporção de 1:1 para receber duas doses separadas de 25 mg de psilocibina com 3 semanas de intervalo mais 6 semanas de placebo diário (grupo psilocibina) ou duas doses separadas de 1 mg de psilocibina com 3 semanas de intervalo mais 6 semanas de administração oral diária de escitalopram (grupo escitalopram); todos os pacientes receberam apoio psicológico. O outcome primário foi a mudança da baseline na pontuação no Inventário Rápido de Auto-relato de Sintomas Depressivos de 16 itens (QIDS-SR-16; as pontuações variam de 0 a 27, com pontuações mais altas indicando maior depressão) na semana 6. Houve 16 outcomes secundários, incluindo resposta QIDS-SR-16 (definida como uma redução na pontuação > 50%) e remissão QIDS-SR-16 (definida como uma pontuação ≤ 5) na semana 6.
Resultados: Um total de 59 pacientes foram incluídos; 30 foram atribuídos ao grupo psilocibina e 29 ao grupo escitalopram. As pontuações médias no QIDS-SR-16 na linha de base foram 14,5 no grupo psilocibina e 16,4 no grupo escitalopram. As alterações médias (±SE) nas pontuações da linha de base até a semana 6 foram -8,0±1,0 pontos no grupo psilocibina e -6,0±1,0 no grupo escitalopram, para uma diferença entre os grupos de 2,0 pontos (intervalo de confiança de 95% [ CI], -5,0 a 0,9) (P = 0,17). Uma resposta QIDS-SR-16 ocorreu em 70% dos pacientes no grupo psilocibina e em 48% daqueles no grupo escitalopram, para uma diferença entre os grupos de 22 pontos percentuais (IC 95%, -3 a 48); A remissão do QIDS-SR-16 ocorreu em 57% e 28%, respectivamente, para uma diferença entre os grupos de 28 pontos percentuais (IC 95%, 2 a 54). Outros resultados secundários geralmente favoreceram a psilocibina em relação ao escitalopram, mas as análises não foram corrigidas para comparações múltiplas. A incidência de eventos adversos foi semelhante nos grupos de estudo.
Conclusões: Com base na mudança nos scores de depressão no QIDS-SR-16 na semana 6, este estudo não mostrou uma diferença estatisticamente significativa nos efeitos antidepressivos entre psilocibina e escitalopram no grupo selecionado de pacientes. Os resultados secundários geralmente favorecem a psilocibina em relação ao escitalopram, porém as análises desses resultados carecem de correção para comparações múltiplas. Ensaios maiores e mais longos são necessários para comparar a psilocibina com antidepressivos convencionais.
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