Segurança da administração de Ibogaína na desintoxicação de indivíduos dependentes de opióides: um estudo observacional descritivo aberto
9 de agosto de 2021, Addiction
Autores: Thomas Knuijver, Arnt Schellekens, Maarten Belgers, Rogier Donders, Toon van Oosteren, Kees Kramers, Robbert Verkes
A ibogaína é um alcalóide indólico usado em rituais da tribo africana Bwiti. Também é usado em ambientes não-clínicos para tratar perturbações de adição. No entanto, a ibogaína tem sido associada a várias mortes, principalmente devido a eventos cardíacos chamados torsades des pointes precedidos por prolongamento do intervalo QTc, bem como outras preocupações de segurança.
Objetivo: Este estudo teve como objetivo avaliar a segurança cardíaca, cerebelar e psicomimética da ibogaína em pacientes com perturbação do uso de opióides.
Tipo de estudo: Estudo observacional descritivo aberto.
Local: Departamento de Psiquiatria de um centro médico-universitário na Holanda.
Participantes: Pacientes com perturbação do uso de opioides (n = 14) em tratamento de manutenção de opioides com desejo duradouro de abstinência, que não conseguiram alcançar a abstinência com o tratamento padrão.
Intervenção e medidas: Após conversão para sulfato de morfina, foi administrada uma dose única de ibogaína-HCl 10 mg/kg e os pacientes foram monitorizados em intervalos regulares por pelo menos 24 horas avaliando o intervalo QTc, pressão arterial e frequência cardíaca, escala para avaliação e classificação de ataxia (SARA) para avaliar os efeitos colaterais cerebelares e a escala de observação do delírio (DOS) para avaliar os efeitos psicomiméticos.
Resultados: O prolongamento máximo do QTc (Fridericia) foi em média 95ms (intervalo 29-146ms). Cinquenta por cento dos indivíduos atingiram um QTc superior a 500ms durante o período de observação. Em seis dos 14 indivíduos, o prolongamento acima de 450ms durou mais de 24 horas após a ingestão de ibogaína. Não foram observadas torsades des pointes. Ataxia transitória grave com incapacidade de andar sem apoio foi observada em todos os pacientes. Os efeitos de abstinência e psicomiméticos foram principalmente bem tolerados e geríveis (11/14 não retornaram à morfina em 24 horas, os scores DOS permaneceram abaixo do limite).
Conclusões: Este estudo observacional aberto revelou que o tratamento com ibogaína de pacientes com perturbação do uso de opióides pode induzir um prolongamento do intervalo QTc clinicamente relevante, mas reversível, bradicardia e ataxia grave.
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