Será a experiência na primeira pessoa com substâncias psicadélicas um requesito essencial da formação de um terapeuta psicodélico?
2 de março de 2023, Cambridge University Press
Autores: Nathan Emmerich, Bryce Humphries
A investigação científica recente parece suportar que substâncias psicadélicas – incluindo psilocibina, Ayahuasca, ketamina, MDMA e LSD – possam ter um potencial terapêutico significativo no tratamento de várias perturbações de saúde mental, incluindo perturbação de stresse pós-traumático, depressão, angústia existencial, e adições. Embora o uso de fármacos psicoativos, como Diazepam ou Ritalina, esteja bem estabelecido, os psicadélicos representam, sem dúvida, uma mudança terapêutica. Como terapias experienciais, o seu valor parece residir nas experiências subjetivas que induzem. Como é a única maneira de os terapeutas psicadélicos em formação entenderem completamente os seus efeitos subjetivos, alguns sugeriram que a experiência na primeira pessoa com psicadélicos deveria fazer parte dos programas de formação. Os autores deste artigo questionam essa noção. Primeiro, consideram se os benefícios epistémicos oferecidos pela experiência psicadélica induzida por substâncias são tão únicos quanto se supõe. Refletem então sobre o valor que podem ter no que diz respeito à formação de terapeutas psicadélicos. Concluem que, na ausência de evidência mais robusta da contribuição das experiências induzidas por substâncias para a formação de terapeutas psicadélicos, exigir que os formandos tomem psicadélicas não parece eticamente legítimo. No entanto, dado que o potencial de benefício epistémico não pode ser totalmente descartado, permitir formandos que desejem obter tal experiência em primeira mão com psicadélicos poderá ser permitido.
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