Tratamento da Perturbação do Uso de Opióides com Ibogaína: outcomes da desintoxicação e uso de drogas

A ibogaína é um alcalóide indol monoterpeno usado em ambientes médicos e não médicos para o tratamento da Perturbação do Uso de Opióides. O seu mecanismo de ação é aparentemente novo. Não há estudos prospectivos publicados sobre os outcomes relacionados ao uso de drogas com a utilização terapêutica da ibogaína.

Objetivos: Estudar os resultados após a desintoxicação de opióides com ibogaína.

Métodos: Neste estudo observacional, 30 indivíduos com Dependência de Opióides (25 homens, 5 mulheres) receberam uma dose total média de 1.540 ± 920 mg de ibogaína HCl. Os indivíduos usaram oxicodona (n = 21; 70%) e/ou heroína (n = 18; 60%) nas respectivas quantidades de 250 ± 180 mg/dia e 1,3 ± 0,94 g/dia, e média de 3,1 ± 2,6 episódios anteriores de tratamento para dependência de opióides. Desintoxicação e resultados de follow-up a 1, 3, 6, 9 e 12 meses foram avaliados utilizando os Subjective Opioid Withdrawal Scale (SOWS) e Addiction Severity Index Composite (ASIC), respectivamente.

Resultados: As pontuações SOWS diminuíram de 31,0 ± 11,6 pré-tratamento para 14,0 ± 9,8 em 76,5 ± 30 horas pós-tratamento (t = 7,07, df = 26, p < 0,001). No follow-up a 1 mês após o tratamento, 15 indivíduos (50%) não relataram uso de opióides durante os 30 dias anteriores. As pontuações de uso de drogas e status legal e familiar/social da ASIC melhoraram em relação à baseline pré-tratamento em todos os pontos de tempo pós-tratamento (p < 0,001). A melhoria nos scores de uso de drogas foi máxima ao 1º mês e, posteriormente, mantida de 3 a 12 meses em níveis que não alcançaram equivalência ao efeito após 1 mês.

Conclusão: A ibogaína foi associada a efeitos substantivos nos sintomas de abstinência de opióides e uso de drogas em indivíduos para os quais outros tratamentos não tiveram sucesso, e pode fornecer um protótipo útil para a descoberta e desenvolvimento de farmacoterapia inovadora nas perturbações aditivas.