Utilização de agentes psicadélicos em idosos com perturbação depressiva major resistente ao tratamento: o que mostram as evidências
24 de junho de 2025, Drugs & Aging
Autores: Lou Vinarcsik, Charles Smoller, George Grossberg
O uso de substâncias com efeitos psicadélicos e dissociativos para o tratamento de doenças psiquiátricas tem vindo a tornar-se cada vez mais popular nos últimos anos. No entanto, poucos ensaios clínicos foram realizados para determinar a eficácia destes agentes no contexto específico da depressão major resistente ao tratamento (DMRT) em adultos mais velhos.
Neste artigo, revemos aspetos relevantes da DMRT em populações geriátricas, analisamos substâncias psicadélicas clássicas e não clássicas, bem como agentes dissociativos atualmente em estudo — sobretudo em populações mais jovens — para o tratamento da depressão, e revemos o que se sabe relativamente à sua utilização em adultos mais velhos com DMRT.
Tendo em conta as limitações dos tratamentos standard disponíveis e os riscos potenciais associados a fármacos de primeira linha, como os inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), nesta população, a psicoterapia assistida por psicadélicos poderá constituir uma alternativa relevante na gestão da DMRT em adultos mais velhos. Este subgrupo de doentes encontra-se subestudado e poderá beneficiar significativamente de regimes terapêuticos melhorados.
A investigação limitada disponível que descreve o uso de terapias psicadélicas assistidas neste grupo específico é, até à data, promissora. Nesta revisão, focamo-nos nos agentes para os quais existem dados mais controlados, começando pelo anestésico dissociativo cetamina/esquetamina e pelo agente alucinogéneo psilocibina, concluindo com uma breve análise de substâncias relacionadas, incluindo o dietilamido do ácido lisérgico (LSD), N,N-dimetiltriptamina (DMT), ayahuasca, ibogaína, 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA) e mescalina.
A DMRT tem uma prevalência elevada entre adultos mais velhos e, embora os dados preliminares sobre a segurança e tolerabilidade dos psicadélicos sejam encorajadores, persistem preocupações devido à escassez de dados robustos. Assim, é fundamental continuar a investigação para estabelecer a segurança, eficácia e aplicações terapêuticas da psicoterapia assistida por psicadélicos nesta população.
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