Avaliação económica das injeções subcutâneas de cetamina para depressão resistente ao tratamento: Um ensaio randomizado, duplamente cego e com controlo activo – O estudo KADS
27 de junho de 2025, Journal of Affective Disorders
Autores: Mary Lou Chatterton, (...), Cathrine Mihalopoulos
A cetamina é eficaz no tratamento da depressão resistente ao tratamento (DRT), mas as evidências sobre a sua relação custo-eficácia ainda são limitadas.
Objetivos: Avaliar a relação custo-eficácia da cetamina subcutânea para DRT, a partir das perspetivas do setor da saúde e da sociedade.
Métodos: Foi realizada uma análise de custo-utilidade paralelamente ao ensaio clínico aleatorizado e controlado KADS, envolvendo 174 participantes que receberam cetamina ou midazolam (controlo ativo) duas vezes por semana durante 4 semanas. A utilização de recursos de saúde, transporte, tempo de cuidadores e perda de produtividade foram recolhidos por questionário autodeclarado no início, no final do ensaio (semana 4) e no seguimento (semana 8). Os anos de vida ajustados pela qualidade (QALYs) foram calculados usando os valores de utilidade AQoL-8D. A dosagem inicial foi fixa (coorte 1), sendo depois alterada para uma dosagem guiada pela resposta (coorte 2). O cenário base 1 incluía os custos do tratamento no grupo de controlo; o cenário base 2 excluía esses custos.
Resultados: No final do ensaio, os valores de utilidade da coorte 2 foram significativamente superiores com cetamina em comparação com o tratamento de controlo (0,435 vs. 0,352; p < 0,05). Os rácios incrementais de custo-eficácia (ICERs) a partir da perspetiva do setor da saúde no cenário base 1 indicaram que a cetamina foi dominante (menos dispendiosa e mais eficaz), com probabilidades de ficar abaixo dos 50.000 dólares australianos por QALY de 89% (fim do ensaio) e 91% (total ao longo das 8 semanas). As probabilidades a partir da perspetiva societal foram mais baixas (30–32%). No cenário base 2, a cetamina deixou de ser custo-eficaz (ICERs: $251.250/QALY no final do ensaio; $108.500/QALY ao longo das 8 semanas), com probabilidades mínimas (0–5%) de ficar abaixo dos $50.000/QALY.
Conclusões: A fase inicial de tratamento com cetamina durante quatro semanas mostrou-se custo-eficaz a partir da perspetiva do setor da saúde quando incluídos os custos do grupo de controlo. No entanto, os resultados a partir da perspetiva societal foram menos favoráveis. A exclusão dos custos do grupo de controlo evidenciou uma incerteza significativa, realçando a importância de escolher um comparador adequado numa avaliação económica.
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