Desmascarando o mito das 'Blue Mondays': nenhuma evidência de diminuição no humor após toma de MDMA em contexto clínico

A incorporação de 3,4-metilenodioximetanfetamina (MDMA) como adjuvante à psicoterapia tem-se mostrado promissora nos últimos anos para o tratamento de várias condições de saúde mental, particularmente aquelas que envolvem trauma emocional. No entanto, preocupações com o declínio a nível do humor e da cognição durante os dias após a sua administração, também conhecidas como 'Blue Mondays', foram levantadas como limitações ao seu uso clínico. Embora estas mudanças tenham sido bem documentadas entre os usuários recreativos, existem particularidades nesses relatos que limitam a generalização ao MDMA administrado clinicamente.

Objetivos: Neste estudo, o objetivo foi avaliar a evidência relativamente aos efeitos laterais negativos associados ao MDMA, bem como aumentar a compreensão relativa aos efeitos pós-agudos da substância num contexto clínico com um estudo open-label.

Métodos: O atual estudo open-label examinou a terapia com MDMA para perturbação do uso de álcool (AUD; N = 14) e mediu o humor, a qualidade do sono, o consumo ilícito de MDMA e relatos anedóticos após o efeito agudo da substâncias ter cessado.

Resultados: Os participantes mantiveram um humor positivo durante a semana seguinte à administração do medicamento em contexto clínico. Em relação à baseline, a qualidade do sono autorrelatada melhorou nos follow-ups de 3 e 6 meses. Nenhum participante relatou usar ou desejar usar MDMA ilícito, e os relatos anedóticos indicaram que o tratamento foi percecionado favoravelmente.

Conclusão: Estes resultados apoiam a segurança geral e a tolerabilidade do MDMA administrado clinicamente e, mais importante, sugerem que as 'descidas' popularmente associadas à substância podem ser explicadas por fatores confundidores em investigações relacionadas com um fornecimento ilícito da substância e em settings específicos para consumo recreativos.