Percentagem de dias de consumo excessivo de álcool após Psicoterapia Assistida por Psilocibina versus placebo no tratamento de pacientes adultos com perturbação por uso de álcool: um ensaio clínico randomizado
24 de agosto de 2022, JAMA Psychiatry
Autores: Michael P. Bogenschutz; Stephen Ross; Snehal Bhatt
Embora os medicamentos psicadélicos clássicos tenham vindo a se apresentar como promissores no tratamento da perturbação por uso do álcool (AUD), a eficácia da intervenção com psilocibina permanece desconhecida.
Objetivo: Avaliar se 2 administrações de psilocibina em altas doses melhoram a percentagem de dias de consumo excessivo de álcool em pacientes com AUD submetidos a psicoterapia em relação aos resultados observados com medicação placebo e psicoterapia.
Metodologia: Neste ensaio clínico randomizado duplo-cego, os participantes receberam 12 semanas de psicoterapia e foram aleatoriamente designados para receber psilocibina vs difenidramina durante 2 sessões de medicação de um dia nas semanas 4 e 8. Os resultados foram avaliados ao longo do período de 32 semanas após a primeira dose da medicação do estudo. O estudo foi realizado em 2 centros académicos nos EUA. Os participantes foram recrutados na comunidade entre 12 de março de 2014 e 19 de março de 2020. Foram incluídos adultos de 25 a 65 anos com diagnóstico de dependência de álcool e pelo menos 4 dias de consumo excessivo de álcool durante os 30 dias anteriores à triagem. Os critérios de exclusão incluíram perturbações psiquiátricoas major ou de uso de outras drogas, condições médicas que contraindicassem os medicamentos do estudo e tratamento atual para AUD.
Intervenções: Os medicamentos do estudo foram psilocibina, 25 mg/70 kg, vs difenidramina, 50 mg (primeira sessão), e psilocibina, 25-40 mg/70 kg, vs difenidramina, 50-100 mg (segunda sessão). A psicoterapia incluiu terapia de aprimoramento motivacional e terapia cognitivo-comportamental.
Resultados: O outcome primário foi a percentagem de dias de consumo excessivo de álcool. Um total de 95 participantes (média [DP] idade, 46 [12] anos; 42 [44,2%] do sexo feminino) foram randomizados (49 para psilocibina e 46 para difenidramina). Um participante (1,1%) era ameroíndio/nativo do Alasca, 5 (5,3%) eram negros, 16 (16,8%) eram hispânicos e 75 (78,9%) eram brancos não hispânicos. Dos 95 participantes randomizados, 93 receberam pelo menos 1 dose do medicamento do estudo e foram incluídos na análise do resultado primário. A percentagem de dias de consumo excessivo de álcool durante o período duplo-cego de 32 semanas foi de 9,7% para o grupo psilocibina e 23,6% para o grupo difenidramina, uma diferença média de 13,9%; (IC 95%, 3,0–24,7; F1,86 = 6,43; P = ,01). O consumo médio diário de álcool (número de bebidas padrão por dia) também foi menor no grupo psilocibina. Não houve eventos adversos graves entre os participantes que receberam psilocibina.
Conclusões e Relevância: A psilocibina administrada em combinação com a psicoterapia produziu reduções robustas na percentagem de dias de consumo excessivo de álcool além daqueles produzidos por placebo ativo e psicoterapia. Esses resultados fornecem suporte para um estudo mais aprofundado do tratamento assistido por psilocibina para AUD.
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