Psilocibina na Depressão Resistente ao Tratamento: mecanismos cerebrais avaliados por fMRI
13 de outubro de 2017, Nature
Autores: Robin L Carhart-Harris, Leor Roseman, Mark Bolstridge, Lysia Demetriou, J Nienke Pannekoek, Matthew B Wall, Mark Tanner, Mendel Kaelen, John McGonigle, Kevin Murphy, Robert Leech, H Valerie Curran & David J Nutt
A administração de psilocibina com respetivo suporte psicológico tem vindo a ser demostrada como promissora no tratamento de várias doenças da Psiquiatria, porém os seus mecanismos terapêuticos são pouco compreendidos.
Neste artigo, o fluxo sanguíneo cerebral (CBF) e a conectividade funcional em estado de repouso (RSFC) dependente do nível de oxigénio no sangue (RSFC) foram medidos com ressonância magnética funcional (fMRI) antes e após o tratamento com psilocibina (agonista de serotonina) na depressão resistente ao tratamento (DRT).
Dados de fMRI pré e pós-tratamento foram colhidos em16 de 19 pacientes. A diminuição dos sintomas depressivos foi observada em todos os 19 pacientes 1 semana após o tratamento e 47% preencheram os critérios de resposta em 5 semanas. Análises cerebrais revelaram diminuições pós-tratamento no FSC no córtex temporal, incluindo a amígdala. A diminuição do CBF da amígdala correlacionou-se com a redução dos sintomas depressivos. Focando em circuitos selecionados a priori para análises de RSFC, o aumento de RSFC foi observado no pós-tratamento da Default Mode Network (DMN). O aumento do RSFC no córtex pré-frontal ventromedial-córtex parietal lateral inferior bilateral foi preditivo da resposta ao tratamento a 5 semanas, assim como a diminuição do RSFC no córtex pré-frontal para-hipocampal.
Estes dados preenchem uma importante lacuna de conhecimento sobre os efeitos cerebrais pós-tratamento da psilocibina e são os primeiros em pacientes com depressão. As alterações cerebrais pós-tratamento são diferentes dos efeitos agudos anteriormente observados da psilocibina e de outros psicadélicos, mas correlacionam-se com os resultados clínicos. Nesse sentido, é proposto um mecanismo terapêutico de “reinicialização”.
Artigos relacionados
Avaliação dos efeitos das diferenças metodológicas nos resultados no uso de psicadélicos no tratamento de perturbações de ansiedade e depressão: uma revisão sistemática e metanálise
14 de setembro de 2021 • Journal of Psychopharmacology • Robert F Leger, Ellen M UnterwaldMecanismos moleculares da Psilocibina e implicações para o tratamento da Depressão
17 de novembro de 2021 • CNS Drugs • Susan Ling, Felicia Ceban, Leanna M. W. Lui, Yena Lee, Kayla M. Teopiz, Nelson B. Rodrigues, Orly Lipsitz, Hartej Gill, Mehala Subramaniapillai, Rodrigo B. Mansur, Kangguang Lin, Roger Ho, Joshua D. Rosenblat, David Castle & Roger S. McIntyre