Revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos randomizados de Ketamina no tratamento de perturbações do espectro da ansiedade refratárias
15 de dezembro de 2021, Therapeutic Advances in Psychopharmacology
Autores: Elizabeth Whittaker, Alisher R. Dadabayev, Sonalee A. Joshi, Paul Glue
As perturbações de ansiedade são comuns, associadas a uma carga significativa de doenças e apresentam altos níveis de resistência ao tratamento. A ketamina em baixa dose foi extensivamente estudada na depressão resistente ao tratamento, porém com menor número de investigações em perturbações de ansiedade resistentes ao tratamento.
Objetivo: Esta revisão sistemática e meta-análise colheu dados relativos à eficácia, segurança e tolerabilidade da ketamina como tratamento para perturbações do espectro de ansiedade.
Métodos: Realizou-se uma pesquisa sistemática de ensaios clínicos randomizados (ECRs) de tratamento agudo com ketamina em pacientes com perturbações de ansiedade. Ensaios open-label de terapia de manutenção com ketamina também foram considerados. As sínteses qualitativas e, sempre que possível, quantitativas dos achados foram realizadas usando o software Review Manager (RevMan). Dados agudos de resposta à dose e tratamento de manutenção também foram colhidos.
Resultados: Seis ECRs agudos foram elegíveis – dois em perturbação de ansiedade social (PAS), três em perturbação de stresse pós-traumático (PSPT) e um na perturbação obsessivo-compulsiva (POC). Quatro dos seis apresentaram melhoria significativa nos scores de classificação de ansiedade na ketamina em comparação com os grupos-controlo. A análise agrupada mostrou que a ketamina estava associada a uma maior probabilidade de resposta ao tratamento para PAS (odds ratio (OR): 28,94; intervalo de confiança de 95% [IC]: 3,45–242,57; p = 0,002), mas não para PSPT (OR: 2,03; 95 % CI: 0,67–6,15; p = 0,21). Um perfil de dose-resposta foi observado para ketamina e alterações nos sintomas de PAS, com doses ⩾0,5 mg/kg associadas a maior redução nos scores de classificação de ansiedade do que doses mais baixas. A terapia de manutenção com ketamina foi associada a efeitos ansiolíticos sustentados e melhoria no funcionamento social e/ou no trabalho.
Conclusão: Estas análises preliminares sugerem que a administração aguda de ketamina pode ser amplamente eficaz em perturbações do espectro de ansiedade resistentes ao tratamento. Esses efeitos podem ser prolongados com tratamento de manutenção. Estudos futuros serão necessários para colmatar lacunas no conhecimento sobre o seu uso off-label, efeitos laterais e riscos de potencial de abuso em ambientes clínicos.
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