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Uma revisão sistemática da literatura de ensaios clínicos e aplicações terapêuticas da Ibogaína

IbogaínaRevisão Sistemática

30 de dezembro de 2021, Journal of Substance Abuse Treatment

Autores: Patrick Köcka, Katharina Froelicha, Marc Waltera, Undine Langa, Kenneth M.Dürsteler

A iboga e os seus alcalóides primários, ibogaína e noribogaína, têm despertado interesse de investigadores e profissionais, principalmente devido à sua suposta eficácia no tratamento de perturbações por uso de substâncias (PUS). Para muitas PUSs, ainda não existe farmacoterapias eficazes. Efeitos psicoativos e somáticos distintos dos alcalóides da iboga diferenciam-na das outras substâncias psicadélicas clássicas como o LSD, mescalina e psilocibina.

Objetivos: A equipa do estudo realizou esta revisão sistemática com foco em dados clínicos e intervenções terapêuticas envolvendo ibogaína e noribogaína.

Métodos: A equipa realizou uma pesquisa que incluiu todas as publicações até 7 de dezembro de 2020, usando a PubMed e Embase seguindo as guidelines PRISMA.

Resultados: No total, identificamos 743 estudos. Nesta revisão, foram incluídos 24 estudos, que incluíram 705 pacientes que receberam ibogaína ou noribogaína. Esta revisão incluiu dois ensaios clínicos randomizados, duplo-cegos e controlados, um ensaio clínico controlado duplo-cego, 17 estudos abertos ou case series (incluindo estudos observacionais ou retrospectivos), três relatos de casos e uma pesquisa retrospectiva. Os dados publicados sugerem que a ibogaína é uma intervenção terapêutica eficaz no contexto dos PUS, reduzindo os sintomas de abstinência e o craving. Os dados também apontam para um impacto benéfico nos sintomas psicológicos depressivos e relacionados com o trauma. No entanto, há estudos que relataram complicações médicas graves e até fatalidades, que parecem estar associadas aos efeitos neuro e cardiotóxicos da ibogaína. Duas dessas fatalidades foram descritas nos 24 estudos incluídos nesta revisão.

Conclusão: O tratamento das PUSs e comorbidades requerem abordagens de tratamento inovadoras. Terapias de início rápido, como a aplicação de ibogaína, podem oferecer novas oportunidades de tratamento para indivíduos específicos. Desenhos de estudo rigorosos em ambientes médicos são necessários para garantir a sua aplicação segura, monitorização e, possivelmente, intervenção médica.




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